Cada etapa a ser superada na implantação da logística reversa – o gerenciamento do fluxo de produtos e embalagens do ponto de consumo até o ponto de origem, o contrário da logística usual, que administra os materiais da produção até o consumo final –, espinha dorsal do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, Lei nº 12.305/2010), é um novo mercado que começa a ser vislumbrado por empresas nacionais e estrangeiras. Esses nichos vão desde campanhas publicitárias de educação ambiental dos consumidores, passam pela ampliação da indústria de reciclagem e alcançam a prestação de serviços às seis cadeias produtivas priorizadas no marco legal.
Após quase vinte anos de debate, neste ano indústria, comércio e consumidores de eletroeletrônicos, pilhas e baterias, lâmpadas, embalagens, óleos lubrificantes e pneus terão de lidar, conjuntamente, com a devolução de embalagens e produtos e o reaproveitamento desses materiais em processos produtivos próprios ou de terceiros. A intenção é estender o PNRS a todos os segmentos industriais, mas o foco inicial são os resíduos pós-consumo daqueles que oferecerem maior risco ambiental e já estão submetidos a alguma regulação.
Embora o fluxo logístico reverso já seja praticado por parte das empresas brasileiras, para a maioria dos segmentos o gerenciamento de resíduos pós-consumo é novidade. Esta realidade vem mudando por diversos fatores, segundo o diretor da Sargas Logística, Leonardo Lacerda: pressões externas por maior rigor da legislação ambiental, concorrência e redução de custos. “A legislação ambiental caminha no sentido de tornar as empresas cada vez mais responsáveis por todo ciclo de vida de seus produtos, ou seja, serem legalmente responsáveis pelo seu destino após a entrega dos produtos aos clientes e do impacto que estes produzem no meio ambiente”, diz. Segundo ele, o aumento de consciência ecológica dos consumidores é outro fator, ao lado da valorização, por parte do cliente, de marcas que adotam políticas de retorno de produtos. Não é desprezível o resultado que as empresas conseguem com o reaproveitamento dos resíduos.