A pressão dos eventos esportivos e a necessidade de estimular a economia farão de 2012 o ano dos megaprojetos. Em reuniões para captar recursos com investidores estrangeiros, Eduardo Fahrat, diretor-executivo do fundo Darby Overseas Investments, especializado em infraestrutura, se surpreendeu com o conhecimento que seus interlocutores tinham sobre o País. “Sabiam tudo sobre a legislação brasileira e os marcos regulatórios”, diz Fahrat. Não foi sempre assim. Até 2008, quando houve o último road show da Darby, o Brasil ainda não estava tão no centro do radar dos negócios globais e o esforço exigido para convencer potenciais parceiros a aplicar seus recursos aqui era maior. Com a expansão da economia nos últimos anos e o agendamento de eventos esportivos, como a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016, investir em infraestrutura ganhou um sentido de urgência urgentíssima por aqui.
A pressão dos compromissos assumidos pelo governo brasileiro fará os aeroportos, obras de mobilidade urbana, estádios e rodovias saírem do papel. É agora ou agora. Em 2012, os projetos na área ganham ainda um peso fundamental, diante da necessidade de assegurar a retomada econômica depois da desaceleração no terceiro trimestre de 2011, num momento em que o espectro de um desempenho morno da atividade global é uma ameaça bem visível. “A infraestrutura cumpre um papel importante na política anticíclica do governo”, afirma Nelson Siffert, superintendente da área de infraestrutura do BNDES. “Os investimentos precisam se manter elevados para dar sustentação ao crescimento do PIB.” Foi assim em 2009, quando o banco estatal dobrou os recursos para investimentos para energia e logística, fechando o ano com desembolsos de R$ 16 bilhões. Agora, as duas áreas devem receber R$ 26 bilhões, 35% a mais do que em 2011.
O governo federal garantirá, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma vultosa injeção de recursos para dar início à implantação de um verdadeiro canteiro de obras em 2012. São empreendimentos que somam R$ 90 bilhões, incluindo a Usina Hidrelétrica de São Roque, em Santa Catarina, e a Rodovia BR 381, em Minas Gerais, além de plataformas de produção de petróleo no Rio de Janeiro.
Em outra frente, os 13 aeroportos que estão sendo construídos ou ampliados, dentro do plano do governo para a Copa do Mundo, devem atrair investimentos tanto públicos quanto privados.